ir para o conteúdo principal
Logo Sp (1)

Entrevista a Luís Marques da Silva – Diretor de Pós-Produção Tratamento de Imagem

Editada 1440242650
shape layout
voltar

Entrevista a Luís Marques da Silva – Diretor de Pós-Produção Tratamento de Imagem

O percurso profissional do Luís começou na RTP, mais tarde lançou-se como freelancer e em 2007 o seu caminho cruza-se com o da SP Televisão e já se somam alguns anos desde esta união. Atualmente, o Luís é o Diretor de Pós-Produção Tratamento de Imagem.

Fale-nos do seu percurso profissional

Comecei o meu percurso nesta área numa altura em que o audiovisual não estava massificado como hoje, nem existiam estabelecimentos de ensino onde pudéssemos aprender. A minha primeira experiência profissional começou na RTP, onde fiz o curso de Operador de Imagem e foi como Operador de Controlo de Imagem que desenvolvi e progredi a minha atividade nesta empresa, vencendo alguns desafios, adquirindo competências e uma valiosa experiência. Ao fim de 15 anos, é como Adjunto do Chefe dos meios de Produção de Lisboa que dou como terminada a minha colaboração nesta empresa pública. Os tempos eram de mudança e o audiovisual por conseguinte também estava a mudar. A partir de 1997, passo a exercer a minha atividade como freelancer, ao trabalhar para várias empresas produtoras de audiovisuais, como Chefe Técnico de Produção e Editor de Vídeo. O meu percurso passa também pelo ensino, visto que colaborei na formação de operadores no Centro de Formação da RTP, e lecionei em escolas profissionais de vídeo, como a ETIC e na Escola Superior de Comunicação. Em 2007, colaboro com a SP Televisão na conceção das infraestruturas técnicas - estúdios e equipamentos de pós-produção – e desde esse ano até agora que essa colaboração se mantém e se reforça. Atualmente sou Colorista e Responsável pelo setor de Cor. O meu percurso profissional na área do audiovisual é sem dúvida uma longa vida de “imagens”!

 

Como trabalha um colorista e quais as suas ferramentas?

Como a cor não existe em estado livre na natureza, o colorista está a trabalhar numa área de percepção de imagem e a cor passa a existir somente depois do nosso cérebro a processar. Partindo do princípio de que não há duas pessoas a ver exatamente a mesma cor, podemos imaginar todos os problemas que daí advêm. O colorista, de forma resumida, é o profissional responsável por otimizar a imagem que chega aos telespectadores através de várias técnicas, como o color grading.

Com o aparecimento do digital e a facilidade em manipular as imagens, surgiu a necessidade de existirem profissionais no mercado que consigam ajustar equilibrar e criar ambientes, tanto para a televisão como para o cinema digital. Este é então o papel do colorista, que se divide em dois aspetos principais: a correção de cores e color grading. A correção de cores é a primeira tarefa do colorista assim que este recebe as imagens, e este processo ajuda a garantir que, numa cena, os vários takes sejam igualizados em cor e exposição. Resumindo, se há duas câmaras, há sempre duas imagens diferentes. Para além disso, uma mesma cena pode ser gravada em dias e horários diferentes, muitas vezes em ambientes não controlados (como em exteriores com luz do dia), o que pode interferir na aparência final de cada take, especialmente porque a luz do dia está permanentemente a alterar, tanto em intensidade, como em temperatura de cor. No final deste processo, e depois de todas as imagens estarem igualizadas, podemos passar à fase do color grading.

O color grading é a manipulação da cor de uma cena por motivos artísticos ou estilísticos. Os coloristas precisam de ter uma forte compreensão da teoria das cores e do impacto do uso de esquemas de cores complementares. Este lado mais artístico define as ambiências cromáticas, a relação de contrastes e textura, a densidade da cor, a sua saturação e ajuda também a envolver a história com emoções, - a isto chama-se Look. Podemos dizer que é a “alquimia” das cores! Tudo isto é realizado através de softwares, numa rede de computadores, e cabe aos profissionais da cor aprofundar e atualizar a cada momento o seu conhecimento técnico. Nos últimos anos, tem existido um maior foco em envolver o colorista na pré-produção com outros departamentos, tais como a produção, a realização ou a direção de fotografia.

Por fim, este é um processo iterativo e é muitas vezes utilizado para testar, ajustar, o que o torna, sem dúvida, mais uma ferramenta.

 

Que desafios lhe trouxe a novela FLOR SEM TEMPO?

Existe um grande desafio diário, que passa por acompanhar todas as evoluções técnicas, que estão sempre em ebulição e aplicá-las ao nosso trabalho. Este é, sem dúvida, um desafio constante inerente a todas as novelas, no entanto, fazer de cada nova novela um trabalho único e que marque a diferença, é sempre o desafio maior… e a Flor sem Tempo não é exceção!

SP TELEVISÃO voltar